Uma pesquisa rápida no Google por "apostadores desportivos" apresenta famosos apostadores desportivos a apreciarem a boa vida, as 10 pessoas mais influentes no twitter para apostadores desportivos e diversos manuais, métodos e técnicas para se tornar num vencedor. Quase não há referências ao fracasso, com a exceção de uma meia dúzia de artigos que explicam porque a maioria dos jogadores perde, e até um que defende que a principal causa para o fracasso é a má gestão do dinheiro e não a má seleção das apostas.
Na realidade, a maioria dos apostadores tem uma expetativa negativa por causa da margem de lucro das casas de apostas e de uma insuficiente capacidade de previsão dos resultados; a má gestão do dinheiro só exponencia as perdas. Qualquer um pode ser perdoado por acreditar, em primeiro lugar, que é fácil viver das apostas e, em segundo lugar, que as casas de apostas devem estar quase todas a entrar na falência.
De facto, não é esse o caso. Então, o que é que falta aqui? As histórias dos perdedores. Por outras palavras, estas raramente são contadas. Este artigo revisita a ideia do viés de sobrevivência, introduzida anteriormente por Mirio Mella, e porque deve evitar ser enganado por ele.
A história é escrita pelos vencedores
Segundo parece, a história é sempre escrita pelos vencedores. Os perdedores são ignorados, porque optamos por não os ver (eles contam uma história menos interessante ou uma história que traz ao de cima a dissonância cognitiva), porque desapareceram da vista ou simplesmente porque não nos damos ao trabalhar de os contar. É fácil ficar impressionado com o sucesso, se for isso só que há para ver.
Tal como Nassim Taleb narra, em Fooled by Randomness (Enganado pela aleatoriedade), sobre a fantasia dos macacos que tentam recriar a poesia de Homero num máquina de escrever:
“Se houver cinco macacos no jogo, ficaria deveras impressionado com o escritor da Ilíada, a ponto de suspeitar que ele fosse a reencarnação do antigo poeta. Se houver mil milhões para o poder de mil milhões de macacos, ficaria menos impressionado...”
Segundo um estudo da Harvard Medical School que abrangeu quase 8 milhões de apostas e mais de 60 milhões de euros apostados, só 13% dos apostadores conseguiram ter lucro.
O viés de sobrevivência é o erro lógico de nos concentrarmos nas pessoas ou nas coisas que "sobreviveram" a algum processo, enquanto ignoramos inadvertidamente aqueles que não sobreviveram devido à sua falta de visibilidade. O viés de sobrevivência pode fazer com que sobrestimemos as hipóteses de sucesso, porque os fracassos são ignorados.
O nome surgiu pela primeira vez durante a Segunda Guerra Mundial quando Abraham Wald, um matemático de espírito livre, resolveu o problema de onde colocar blindagens adicionais nos bombardeiros dos Aliados que estavam a sofrer grandes perdas.
Inicialmente, os engenheiros partiram do pressuposto, através de um exame dos buracos de balas dos aviões que regressavam, de que aquelas áreas que mostravam maior concentração de buracos de balas – em particular, as asas e a fuselagem – precisavam de reforço extra. É claro que não funcionou.
Na realidade, os buracos revelaram onde os aviões eram mais fortes, uma vez que estes conseguiam regressar. Ninguém tinha pensado nos aviões que se tinham perdido. Contraintuitivamente, seguindo os conselhos de Wald, os engenheiros colocaram blindagem adicional onde não havia buracos de balas e obtiveram resultados imediatos.
A ilusão da causa e efeito
Quando tentamos medir a probabilidade de sucesso em ambientes altamente incertos, como o das apostas desportivas, não adianta estudar apenas a amostra que teve êxito. Se assim for, arriscamo-nos a virar a causalidade de pernas para o ar. Em vez de supormos que o sucesso é causado pela competência, o viés de sobrevivência garante que achamos que os vencedores são competentes, porque tiveram sucesso.
Como Michael Mauboussin explica no seu livro The Success Equation (A Equação do Sucesso), o problema aqui é que a inferência é extraída dos resultados e não dos próprios processos de previsão dos resultados. Quando a sorte desempenha um papel importante no desfecho final, há muito pouca ligação entre o processo de previsão e o resultado.
Se tudo o que lhe importa são os resultados, é provável que venha a tirar conclusões erradas. Pelo contrário, não estude apenas os vencedores para ver o que os originou; estude o processo de previsão para ver se os conduziu de forma consistente ao sucesso.
O que aprendi ao avaliar os especialistas em apostas
Como verificador de especialistas em apostas, fiquei muito familiarizado com a influência do viés de sobrevivência. Entre 2001 e 2011, aceitei 120 serviços de aconselhamento sobre apostas que tinham registos históricos. Ao agregar todos estes desempenhos pré-verificação, 24 725 escolhas produziram um lucro sobre o volume das apostas de 17,4%.
Contrariamente, as 90 451 escolhas que verifiquei posteriormente só contabilizaram 1,1%. Não havia nenhuma razão para duvidar da credibilidade dos primeiros registos. Então, porque é que tantos especialistas em apostas regridem em direção à média? Eu estava simplesmente perante os sobreviventes, cujos ganhos anteriores resultavam, em grande medida, da sorte. Os especialistas em apostas menos afortunados já tinham desaparecido e não valia muito a pena pedirem para ser verificados se já não estavam a dar as tais dicas de apostas.
Quais são as hipóteses realistas de ter sucesso?
Se estudarmos apenas os "vencedores", nunca ficaremos com uma ideia fiável de como é difícil ter sucesso nas apostas desportivas. Numa tentativa de encontrar algumas respostas para esta questão, uma equipa da Harvard Medical School analisou os históricos de apostas de mais de 40 000 clientes que apostaram numa das principais casas de apostas desportivas online em 2005.
Num total de 8 milhões de apostas e mais de 60 milhões de euros apostados, só 13% dos apostadores conseguiu obter lucro, com perdas agregadas de quase -10% para o grupo como um todo, o que está bastante de acordo com a margem habitual da casa de apostas.
Só 245 apostadores apresentaram lucros superiores a 1000€. É claro que, para a maioria dos clientes, as apostas desportivas não são mais do que meros palpites. Calculando a partir dos primeiros princípios, um apostador inexperiente que realize cerca de 200 apostas do mesmo valor numa casa de apostas com uma margem de 10% teria normalmente apenas 10% de hipóteses de conseguir obter lucro. Após 1000 apostas de valor semelhante, no entanto, esta probabilidade diminuiria para apenas uma em mil. Quanto mais tempo um apostador inexperiente apostar, menos hipóteses terá de vir a ser um vencedor.
Melhore as suas hipóteses com a Pinnacle
As suas hipóteses de vencer podem ser melhoradas ao apostar numa casa de apostas que tenha margens mais reduzidas. A este respeito, a Pinnacle oferece constantemente as melhores margens do setor, com margens típicas de apenas 2% e, às vezes, ainda mais baixas.
Neste caso, um apostador inexperiente teria mesmo assim 25% de hipóteses de obter algum lucro após mil apostas do mesmo valor. Além disso, a Pinnacle visa educar os seus clientes através de uma série de artigos sobre apostas, que tratam vários temas, incluindo estratégia de apostas, métodos de previsão e psicologia do apostador, para aumentar ainda mais as hipóteses de os seus clientes terem êxito.
E ao contrário das outras casas de apostas, a Pinnacle recebe de braços abertos os apostadores inteligentes em vez de lhes fechar as portas. Não obstante, não se deixe enganar pelo viés de sobrevivência e não acredite que ganhar nas apostas é fácil e toda a gente consegue. Ser um apostador de sucesso é uma tarefa árdua. Quanto mais tempo pretender manter-se à frente, mais trabalho terá de ter para garantir que isso é uma realidade.