Evidência do quanto as coisas podem mudar no basebol
Com o passar das épocas do basebol, 2018 ficou definido pelo seu desequilíbrio. Embora as últimas quatro épocas só tenham visto quatro equipas chegar às 100 vitórias e uma sofrer 100 derrotas, este ano por si só pode ficar perto desses números combinados (e até excedê-los).
Recordes na época regular de 2014 – 2017
Recordes na época regular de 2014 – 2017
Ano
|
Equipa com o maior número de vitórias
|
Recorde
|
Equipa com o maior número de derrotas
|
Recorde
|
2014
|
LA Angels
|
98-64
|
Diamondbacks
|
64-98
|
2015
|
Cardinals
|
100-62
|
Phillies
|
63-99
|
2016
|
Cubs
|
103-58
|
Twins
|
59-103
|
2017
|
Dodgers
|
104-58
|
Tigers/Giants
|
64-98
|
Recordes atuais e projetados para a época regular de 2018
Recordes atuais e projetados para a época regular de 2018
Equipa
|
Recorde
|
Recorde projetado
|
Equipa
|
Recorde
|
Recorde projetado
|
Boston Red Sox
|
90-39
|
109-53
|
Miami Marlins
|
51-78
|
64-98
|
New York Yankees
|
79-47
|
101-61
|
Chicago White Sox
|
48-79
|
63-99
|
Houston Astros
|
74-49
|
99-63
|
Kansas City Royals
|
38-90
|
50-110
|
Oakland A’s
|
76-52
|
94-68
|
Baltimore Orioles
|
37-90
|
51-111
|
Tenha em mente que estes recordes foram acumulados sobretudo antes do fim do prazo das contratações, em que os bons ficaram melhores e os piores ficaram pior.
Compreender por que motivo a MLB é única nas apostas
Além dos dados amplamente disponíveis que podem ser utilizados para fundamentar o processo de tomada de decisões em vários campos (sendo o das apostas um dos principais beneficiados), uma das maiores atrações da MLB é o facto de estar sempre em evolução. Ao longo dos anos, tem havido inúmeras mudanças na forma como as equipas são geridas e como o jogo é jogado, tornando-o mais interessante e imprevisível.
A MLB conseguiu efetivamente incentivar a perda intencional de jogos ("tanking") nos últimos anos – isto acontece quando uma equipa passa por um período de maus desempenhos na esperança de que venha a resultar num desempenho muito melhor posteriormente. O "draft" (que é comum na maioria dos desportos nos EUA) é um motivo óbvio para tal, já que as equipas piores têm direito a escolher jogadores em primeiro lugar, mas a MLB também implementou um sistema de preenchimento de vagas que recompensa as equipas que terminam em último com um conjunto muito maior de recursos para a contratação de novos jogadores. No fundo, as equipas que tiverem pior desempenho recebem mais recursos e menos limitações com que trabalhar.
Os Chicago Cubs e os Houston Astros são dois exemplos recentes e muito publicitados de como o "tanking" pode, em última análise, dar origem ao sucesso. O facto de ambas as equipas terem ganho o World Series depois de terem tido muitas dificuldades nos anos anteriores evidenciou com clareza os benefícios que esta abordagem pode trazer. Outros treinadores depressa tomaram nota e implementaram algo semelhante.
Quando o "tanking" de Houston em 2011 resultou numa primeira escolha em 2012, os Astros selecionaram Carlos Correa, e não Byron Buxton, a suposta primeira escolha, e contrataram prontamente Correa por menos dinheiro do que a vaga exigia, provavelmente devido a um acordo pré-preparado. Utilizaram os fundos restantes para contratar outra escolha adicional de primeira ronda, Lance McCullers, por mais dinheiro do que era esperado para essa vaga do "draft". Nasceram assim as apostas no "draft" e intensificaram-se os incentivos para fazer "tanking".
Considerar sempre a importância do jogo individual
O sucesso de Billy Beane com os Oakland A’s utilizando uma abordagem exclusiva baseada em dados criada sobre a noção de "sabermetrics" de Bill James assinalou um influxo de executivos com mentes analíticas nos gabinetes da MLB. A análise quantitativa, juntamente com aspetos como o "tanking", trouxe consigo uma mentalidade "ou playoffs ou rebentas" - com os incentivos em vigor para perder, as equipas já não consideram tão importantes as vitórias que não contam para os playoffs.
Ao longo dos anos, tem havido inúmeras mudanças na forma como as equipas são geridas e como o jogo é jogado, tornando o basebol mais interessante e imprevisível.
Isto significa que, ao analisar os próximos jogos nos quais apostar, não é só a força do adversário ou os dados de desempenho que a podem sugerir que precisam de ser levados com consideração. Os apostadores deverão estar igualmente a pensar no que o resultado daquele jogo específico significa realmente para uma equipa.
O conceito das motivações distorcidas é um conceito difícil de compreender no desporto profissional, mas é evidente numa forma ou noutra na tabela classificativa – o lema “Trust the Process” (confia no processo) dos Philadelphia 76ers e o “Jogo da Vergonha” no Campeonato do Mundo de Futebol de 1982 são apenas dois exemplos de que me recordo. Isto não é uma sugestão para que as equipas percam intencionalmente, mas os apostadores têm de estar cientes de que as equipas poderão estar mais motivadas para ganhar alguns jogos mais do que outros.
O basebol é um desporto de rotação elevada. Uma equipa da MLB tem um plantel de 40 homens entre os quais pode selecionar os seus jogadores (que vêm de um plantel ativo de 25 homens). Aquelas pessoas que só agora começaram a fazer apostas podem notar que o lançador inicial é frequentemente indicado juntamento com as probabilidades para o jogo e (embora algumas afirmem que já não é tão importante como foi em tempos) isto mostra o valor que pode ser colocado em determinados jogadores que jogam num certo jogo.
Se o jogo, no qual pretende apostar, não significa muito para uma das equipas, é provável que este aspeto se reflita no plantel inicial - apostar sem fazer uma análise aprofundada dos convocados de cada equipa poderá sair-lhe muito caro.
Como o calendário da MLB pode afetar a sua análise
Seguindo a ideia de abordar as suas apostas no basebol jogo a jogo, é igualmente importante fazer considerações equipa a equipa como parte da sua análise. Obviamente, é necessário ter um nível de proficiência de elite para se tornar num jogador da Major League Baseball, mas há uma grande diversidade de talento na liga e nem todos os jogadores da MLB (e plantéis) são criados da mesma forma.
Diferentes ofensivas criam resultados diferentes e isso significa que os resultados face a ofensivas diferentes significam coisas diferentes. Nos termos mais simples possíveis, se o lançador X permitir cinco runs contra uma equipa dos Red Sox que tem uma média de 5,41 por jogo e o lançador Y permitir cinco runs contra uma equipa dos Royals que tem uma média de 3,68 runs por jogo, os dados em oferta mostrarão os mesmos valores, mas o lançador X terá obviamente conseguido um feito maior.
É claro que os runs por jogo são uma amostra terrivelmente grande e uma métrica que caracteriza de forma imprecisa a equipa em que está a apostar (ou contra a qual está a apostar). É preciso considerar diversos fatores ao avaliar uma ofensiva (e, portanto, o jogador inicial que os defrontou).
Apostar sem fazer uma análise aprofundada dos convocados de cada equipa poderá sair-lhe muito caro.
A equipa de Toronto é uma equipa ofensiva classificada a meio da tabela da MLB. Utilizando a classificação OFF da Fangraphs (uma métrica ofensiva composta), a equipa está 38,7 runs abaixo da média. No período de 30 dias anterior a meados de agosto, os Jays estavam classificados em 18.º lugar, nos últimos 14 dias em 20.º lugar e nos últimos 7 dias em 21.º lugar. No que diz respeito às amostras estatísticas, quanto mais recentes forem os resultados, mais relevantes serão e esta semana passada será uma representação mais exata da equipa em que está a apostar hoje do que, digamos, seria a primeira semana da época.
A mão utilizada pelo lançador é outro fator que pode parecer um aspeto óbvio para os apostadores, mas não deve ser ignorado. Algumas equipas são mais capazes de fazer os lançamentos com a mão direita ou com a mão esquerda. Os Jays classificam-se apenas em 18.º lugar tanto na wRC+ como na wOBA contra os jogadores canhotos, mas sobem para a 9.ª posição quando jogam contra jogadores destros. Este é um excelente exemplo de como a mão utilizada de um jogador inicial deverá influenciar as suas apostas.
A vantagem de jogar em casa está presente na maioria dos desportos competitivos (em alguns, mais do que na maioria) e o basebol é, sem dúvida, um desses. Toronto está em 10.º na wOBA e em 13.º na wRC+ quando joga em casa, e em 13.º e 12.º, respetivamente, quando joga fora. Algumas equipas, como os Rockies (com um estádio mais adequado aos batedores) e os Padres (mais adequado aos lançadores) têm intervalos maiores.
Outro fator em que os apostadores precisam de pensar quanto tentam analisar as duas equipas que se defrontam num único jogo é o fator dia/noite. Utilizando novamente os Blue Jays como ponto de referência, eles têm uma pontuação sOPS+ (relativamente à liga, sendo 100 a média) de 97/109 quanto ao fator noite/dia. Uma vez mais, isto está longe de ser uma análise profunda, mas serve apenas para mostrar como dedicar algum tempo a estudar os dados com mais profundidade pode beneficiar os apostadores.