out 30, 2020
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Bolas novas, por favor: qual impacto a bola tem sobre uma partida de tênis?

A marca da bola importa no tênis?

Por que a idade da bola de tênis importa?

Analisar o impacto da bola de tênis pode dar uma vantagem ao apostador?

Bolas novas, por favor: qual impacto a bola tem sobre uma partida de tênis?

Se você aposta no tênis, provavelmente começará a analisar as probabilidades pelos competidores envolvidos. A superfície da quadra com certeza faz diferença, assim como as condições gerais nas quais a partida será disputada. Mas com que frequência você pensa na bola? Qual é a importância da bola no tênis? Leia para saber mais.

A primeira semana do Roland Garros 2020 (e um pouco mais desde então) foi marcada por discussões de jogadores e comentaristas sobre as bolas de tênis em uso. A bola não chama tanta atenção desde a apresentação da Jabulani na Copa do Mundo de 2010. Mas, por que no Roland Garros 2020?

A história começou em 2019, quando a Federação Francesa de Tênis assinou um contrato com a Wilson para substituir as bolas Babolat, até então usadas em Roland Garros. Nadal descreveu a nova bola da Wilson como lenta e pesada, mas Dan Evans pegou ainda mais pesado e disse que não daria a bola nem para o seu cachorro.

Mas, será que uma bola nova ou diferente realmente importa? Na verdade, não. Antes da Babolat ser substituída pela Wilson em Roland Garros, cada Grand Slam tinha um fornecedor de bolas diferente. O US Open usa bolas Wilson, o Aberto da Austrália usa bolas Dunlop e Wimbledon usa bolas Slazenger. Em termos gerais, uma bola mais rápida (assim como uma quadra mais rápida) beneficia um saque mais intenso ou um jogador mais agressivo; já uma bola mais lenta beneficia jogadores mais consistentes e defensivos.

O que todas as bolas de tênis têm em comum é que elas se desgastam com o tempo e precisam ser substituídas durante a partida. Isso acontece no início após os primeiros 7 games (e o aquecimento) e depois a cada 9 games.

Quando as condições são mais lentas, como na quadra de saibro, há mais quebras de serviço. Minha hipótese é de que, conforme as bolas avançam durante esses ciclos de 9 games, o percentual de retenção do saque dos jogadores diminui. Se os comentaristas estiverem certos, isso poderia ficar ainda mais claro com essa nova bola da Wilson, que aparentemente pega saibro e umidade da superfície, o que causa um inchaço maior do que o normal.

Embora não tenhamos dados suficientes somente do Roland Garros deste ano, tenho dados ponto por ponto de todas as partidas de todos os Grand Slams de 2011 a 2018 que usaram o sistema Hawk Eye para testar essa ideia. No total, o conjunto de dados possui mais de 1.000.000 pontos jogados em mais de 150 mil games.

Todos os games foram agrupados de 1 a 9, com base no estado das bolas. No Grupo 1, estão as bolas novas, e no Grupo 9 estão as bolas mais antigas, antes de serem substituídas no último game. Suponho que o aquecimento tenha durado dois games, então o primeiro game da partida, na verdade, fica no Grupo 3, o segundo game da partida no Grupo 4, e assim por diante.

Percentual bruto de saques

O gráfico abaixo apresenta o percentual de vitórias em pontos do jogador que sacou nesses ciclos de nove games com a mesma bola. O gráfico à esquerda é da Associação de Tênis Feminino e, à direita, está o gráfico da ATP.

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Como esperado, existe uma tendência decrescente no percentual de pontos de saque conforme o desgaste da bola aumenta. O efeito parece um pouco mais consistente e pronunciado na ATP, onde o percentual de pontos do jogador com o saque corresponde a dois pontos percentuais quando as bolas estão no último game (9) em comparação a quando estão novas (1).

Percentual de retenção de quem saca

Como esses números brutos de percentual de saque se traduzem para o vencedor do game? O gráfico abaixo apresenta o percentual de retenção do jogador que sacou nesses ciclos de nove games. O gráfico à esquerda é da Associação de Tênis Feminino e, à direita, está o gráfico da ATP.

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A tendência que encontramos nos percentuais de pontos de saque parecem se traduzir para o vencedor do game. Vemos que há uma queda clara no percentual de retenção do saque conforme a bola se desgasta. Se as probabilidades não estão incorporando esses dados, uma estratégia possivelmente lucrativa pode ser apoiar retenções com bolas mais novas e apoiar quebras com bolas mais antigas (desde que a ineficiência seja maior do que a margem). Em seguida, vamos dividir os dados para considerar cada Grand Slam individualmente.

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Esse efeito do desgaste da bola aparece de maneira mais notável em Wimbledon. Com bolas novas em Wimbledon, o jogador que saca retém 84,6% dos games em comparação a 82,6% quando as bolas estão no nono e último game. Nas partidas da Associação de Tênis Feminino, a queda no percentual de retenção do saque com bolas antigas é maior em Wimbledon e no Aberto da Austrália. Há uma diferença de 2,5 pontos percentuais em ambos os torneios. Embora Roland Garros pareça ser menos afetado pelo desgaste das bolas, será interessante atualizar essa análise para ver se as novas bolas da Wilson mudaram o cenário do torneio de 2020.

Apostas no placar do game

Outros mercados de apostas populares no tênis ao vivo incluem o placar do game e se o game entrará em vantagem. Seguindo a mesma lógica usada acima, minha hipótese é de que a proporção de games ganhos a zero (quatro pontos a zero) diminuiria com o desgaste da bola e a proporção de ir para vantagem (um game de oito pontos ou mais) aumentaria com o desgaste da bola. O que os dados nos dizem?

Vitória a zero

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Game em vantagem

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A tendência de vitória de um game a zero tende a diminuir com o desgaste da bola e a probabilidade de um game ir para a vantagem aumenta um pouco, como é o esperado. O efeito parece ser mais pronunciado para a vitória de um game a zero, que cai cerca de um ponto percentual nas partidas da Associação de Tênis Feminino e na ATP.  

Desgaste das bolas

Dados dos oitos anos de Grand Slams indicam que o desgaste das bolas afeta os percentuais de saque e retenção. A magnitude se aproxima da ordem de 1 a 2 pontos percentuais para cada. Embora isso pareça relativamente insignificante, em mercados de aposta cada vez mais eficientes, um ponto percentual ou dois muitas vezes fazem a diferença entre apostar seu dinheiro às escuras e ter uma vantagem. 

Não sabemos se os modelos de tênis ao vivo das casas de apostas incorporam o desgaste das bolas e, mesmo se não incorporarem, a ineficiência pode não ser grande o suficiente para superar a margem. De qualquer forma, incorporar dados e insights possivelmente exclusivos ao seu modelo o impulsionará na direção certa e melhorará a exatidão das suas previsões.

O efeito de desgaste das bolas parece ser mais evidente em Wimbledon, onde o saque tem um papel mais significativo na determinação do resultado de cada ponto devido à velocidade da superfície. Ele é menos aparente em Roland Garros, mas, se levarmos em consideração o que dizem jogadores e comentaristas, pode ser que alguma diferença seja notada devido às novas bolas usadas em 2020.

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