Com a época do ténis em campo coberto de piso duro prestes a começar, Dan Weston, o nosso especialista em ténis, analisa que tenistas demonstraram uma melhoria na sua competência nesta superfície, comparativamente aos seus dados em campos exteriores.
Em geral, o piso duro em campo coberto é a segunda superfície mais rápida no ATP Tour, atrás da relva, sendo o piso duro exterior e a terra batida geralmente pisos mais lentos. A tabela abaixo ilustra o impacto que a superfície do campo tem tanto nas percentagens de pontos de serviço conquistados, como nos números médios de ases por jogo, ao longo dos últimos três anos (dados corretos em 4 de fevereiro de 2019).
Aqui, podemos ver a consistência na classificação da superfície entre a percentagem de pontos de serviço conquistados e os números de ases por jogo, sendo a relva a mais elevada de ambas, e a terra batida consideravelmente a mais baixa de ambas as métricas.
O campo coberto de piso duro tem apenas números marginalmente mais elevados do que os campos exteriores, mas isso não impede que os tenistas sejam especialistas na área. No ano passado, vários tenistas de menor nível da ATP ou do Challenger – tais como Mirza Basic e Marius Copil – mostraram bem o que valiam nos principais eventos do tour jogados em campos cobertos, enquanto há alguns anos, João Sousa conseguiu um recorde magnífico em torneios de nível 250 em campo coberto.
Que tenistas tiram partido das condições de campos cobertos?
Com tal em mente, compreender que tenistas já beneficiaram das condições de campos cobertos nos últimos dois anos seria um exercício útil, e utilizar uma comparação entre os dados do serviço e do retorno do jogador é uma boa maneira de fazê-lo.
A tabela abaixo analisa os pontos de serviço e de retorno conquistados durante dois anos pelos tenistas que se encontram no Top 50 do ATP, divididos por piso duro em campo coberto e piso duro em campo exterior (dados corretos a 31 de janeiro de 2019), sendo os tenistas apresentados capazes de gerar números em campos cobertos iguais ou superiores a 2,0% mais do que os números obtidos em campos exteriores. Os tenistas que constam nesta lista poderiam potencialmente render algum valor nos jogos em campos cobertos nas próximas semanas.
Top 50 dos melhores tenistas do ATP em campo exterior de piso duro vs. em campo coberto de piso duro
Estes dados mostram que dez tenistas conseguiram obter números consideravelmente melhores em campos cobertos, estando Martin Klizan na liderança. No ano passado, o eslovaco – um participante relativamente inconsistente em termos gerais – chegou à final do torneio em campo coberto em S. Petersburgo, derrotando Stan Wawrinka, Denis Shapovalov e Fabio Fognini para lá chegar – tendo ganho em Roterdão em 2016. Também chegou a uma meia-final em campo coberto, e a vários quartos de final, desde o início de 2016.
Podemos ver igualmente que três tenistas franceses – Gilles Simon, Gael Monfils e Richard Gasquet – têm dados melhores em campos cobertos e, já que diversos eventos em campos cobertos decorrem em França nas próximas semanas, poderá valer a pena estar atento a este trio.
Por exemplo, o torneio em campo coberto desta semana, realizado em Montpellier, já vai na oitava edição lá realizada nesta década. Nestes eventos, já houve seis vencedores franceses e seis segundos lugares franceses – em oito anos, só quatro tenistas estrangeiros conseguiram chegar à final.
Que tenistas têm pior desempenho em torneios em campos cobertos?
Como será de prever, haverá igualmente tenistas que terão registos de desempenho consideravelmente inferiores em campos cobertos, e que poderá valer a pena evitar ou apostar no respetivo adversário quando jogarem torneios naquela superfície.
A tabela abaixo analisa os pontos de serviço e de retorno conquistados durante dois anos pelos tenistas que se encontram no Top 50 do ATP, divididos por piso duro em campo coberto e piso duro em campo exterior (dados corretos a 31 de janeiro de 2019), sendo os tenistas apresentados capazes de gerar números em campos exteriores iguais ou superiores a 2,0% mais do que os números obtidos em campos cobertos.
Top 50 dos piores tenistas do ATP em campo exterior de piso duro vs. em campo coberto de piso duro
É evidente, a partir destes dados, que os piores tenistas em campos cobertos se desviam consideravelmente mais dos seus números em campos exteriores do que os melhores jogadores e, não há dúvida de que tenistas como Pablo Carreno-Busta, Marco Cecchinato e Steve Johnson se têm debatido de facto nos jogos em campos cobertos nos últimos anos.
Que papel desempenha a região geográfica?
A lista é composta, em termos gerais, por tenistas orientados para os retornos e, talvez estranhamente para alguns, por tenistas americanos. Joga-se muito pouco ténis profissional em campos cobertos na América e talvez isso tenha um certo efeito em cadeia nos seus concorrentes de perfil elevado.
O acima mencionado Johnson, bem como Sam Querrey e John Isner, têm todos um estilo de jogo relativamente orientado para o serviço, a sua incapacidade em adaptar-se e prosperar em condições ligeiramente mais rápidas do que a média parecer ser bastante estranho a princípio, mas a falta de eventos em campos cobertos na América poderia ser uma explicação lógica.
Espero que o artigo acima lhe tenha dado algumas ideias sobre como avaliar os tenistas que jogam em campos cobertos durante as próximas semanas, e é fundamental compreender que tenistas conseguirão provavelmente prosperar ou debater-se nas condições previstas ao entrar nos mercados.