Apesar de Serena William ser a favorita para vencer o torneio de Wimbledon, as duas últimas derrotas que sofreu em torneios do Grand Slam (Melbourne e Paris) contribuíram para que, ao contrário do que é normal, o mercado de apostas na vencedora do torneio de Wimbledon esteja particularmente aberto (três tenistas com um preço inferior a 10,00 e outras oito abaixo de 50,00), o que deixa muito espaço para as estrelas em ascensão causarem uma surpresa.
Lições da final feminina de Roland Garros
O preço de abertura da Pinnacle para a jovem espanhola derrotar a líder mundial na final de Roland Garros a 4 de junho era de 2,42. Muito embora, em termos de números, este valor não indique que a vitória de Muguruza em Roland Garros foi uma surpresa, para os fãs do ténis que não estão muito por dentro dos mercados das apostas, este acontecimento foi uma verdadeira surpresa, abrindo caminho para que a primeira tenista de uma nova geração de talentos ganhasse um título do Grand Slam.
Do atual top 15 do circuito WTA, todas as tenistas têm mais de 24 anos de idade, à exceção de Muguruza e Belinda Bencic.
Com o preço de abertura (2,42) a atingir o máximo de 2,68 antes de cair para um mínimo de 2,18 e recuperar para o preço de abertura antes do início do encontro, foi difícil para os apostadores perceberem se este preço apresentava algum valor.
Do atual top 15 do circuito WTA, todas as tenistas têm mais de 24 anos de idade, à exceção de Muguruza e Belinda Bencic. Não é raro que jovens tenistas entrem no top 10 e até ganhem títulos do Grand Slam na adolescência, mas esta foi a primeira vez que isso aconteceu em muitos anos.
A tabela abaixo apresenta os registos dos últimos 12 meses (atualizados a 13 de junho de 2016) das tenistas no top 100 do circuito WTA, com 22 anos de idade ou menos. A tabela apresenta a percentagem combinada de serviços mantidos/serviços quebrados:
Top 100 WTA - Registos dos últimos 12 meses (22 anos ou menos)
Tenista |
Posição |
Idade |
Registos dos últimos 12 meses |
Percentagem de serviços mantidos nos últimos 12 meses |
Percentagem de quebra de serviços da adversária nos últimos 12 meses |
Percentagem combinada nos últimos 12 meses |
Muguruza |
2 |
22 |
40-18 |
73,7 |
39,8 |
113,5 |
Bencic |
8 |
19 |
46-18 |
73,0 |
36,4 |
109,4 |
Keys |
16 |
21 |
30-17 |
75,9 |
32,6 |
108,5 |
Kasatkina |
31 |
19 |
27-13 |
68,4 |
39,9 |
108,3 |
Svitolina |
18 |
21 |
32-24 |
63,9 |
42,0 |
105,9 |
Puig |
43 |
22 |
27-21 |
70,9 |
34,9 |
105,8 |
Beck |
44 |
22 |
28-23 |
60,7 |
45,1 |
105,8 |
Gasparyan |
57 |
21 |
21-16 |
67,6 |
36,5 |
104,1 |
Garcia |
39 |
22 |
31-24 |
69,9 |
33,8 |
103,7 |
Ostapenko |
38 |
19 |
18-16 |
62,0 |
41,6 |
103,6 |
Putintseva |
36 |
21 |
23-20 |
64,0 |
39,2 |
103,2 |
Osaka |
93 |
18 |
13-10 |
69,8 |
33,2 |
103,0 |
Kontaveit |
92 |
20 |
12-12 |
65,1 |
36,6 |
101,7 |
Kozlova |
98 |
22 |
13-9 |
63,5 |
37,0 |
100,5 |
Bouchard |
47 |
21 |
24-20 |
64,8 |
35,2 |
100,0 |
Friedsam |
51 |
22 |
26-19 |
68,3 |
31,7 |
100,0 |
Chirico |
74 |
20 |
14-10 |
60,7 |
38,4 |
99,1 |
Gavrilova |
50 |
22 |
24-21 |
63,3 |
35,6 |
98,9 |
Kovinic |
53 |
21 |
22-22 |
65,8 |
32,1 |
97,9 |
Tig |
100 |
21 |
9-11 |
64,4 |
32,4 |
96,8 |
Hibino |
70 |
21 |
21-16 |
62,1 |
32,9 |
95,0 |
Zheng S |
78 |
22 |
19-25 |
57,2 |
37,8 |
95,0 |
Schmiedlova |
40 |
21 |
23-24 |
59,9 |
34,6 |
94,5 |
Diyas |
95 |
22 |
15-24 |
60,3 |
33,7 |
94,0 |
Sasnovich |
99 |
22 |
9-12 |
53,9 |
35,5 |
89,4 |
Guia tenista a tenista
Vale a pena despender algum tempo para analisar algumas tenistas que têm potencial para subir no ranking mundial e ver quais as tenistas que se podem juntar a Muguruza e Bencic no top 10 e que têm capacidade para disputar títulos do Grand Slam.
Madison Keys - 21 anos, Estados Unidos
A americana é especialista nos serviços e parece ter todas as ferramentas necessárias para alcançar o sucesso, pecando apenas por não ser forte nas respostas. Madison Keys conta com um serviço extremamente poderoso, que a coloca num segundo grupo de favoritas à conquista do torneio de Wimbledon que se disputa dentro de algumas semanas.
Madison Keys já conquistou um título importante aos 19 anos de idade, na relva dos courts de Eastbourne, sendo que também já chegou a duas finais em terra batida, o que ilustra a sua capacidade de se adaptar a várias superfícies. Parece que é apenas uma questão de tempo até Madison Keys entrar no top 10.
Probabilidade de Keys vencer o torneio de Wimbledon 2016: 22,94*
Daria Kasatkina - 19 anos, Rússia
Kasatkina é uma jogadora com um potencial imenso que foi campeã júnior de Roland Garros em 2014 e que já apresenta números muito fortes no circuito WTA, em especial, na terra batida.
Com 19 anos de idade, o facto de ter uma melhor percentagem de serviços mantidos/serviços quebrados do que Elina Svitolina (21 anos) e Monica Puig (22 anos) é um indicador bastante forte de progresso futuro e não será nenhuma surpresa se Kasatkina chegar ao top 10 mundial e competir por títulos do Grand Slam nos próximos anos.
Elina Svitolina - 21 anos, Ucrânia
Há vários anos que Svitolina está no top 50, mas nunca entrou muitas vezes no top 20 apesar de ter um registo de quatro vitórias em quatro finais disputadas no circuito WTA (embora fossem todos torneios internacionais de menor dimensão).
Em termos estatísticos, Svitolina tem apresentado um mau desempenho nos pontos de break (em especial quando é ela a servir). Caso consiga corrigir este aspeto do seu jogo, poderá chegar perto do top 10 mundial.
Probabilidades de Svitolina vencer o torneio de Wimbledon 2016: 114,40*
Margarita Gasparyan - 21 anos, Rússia
Há 18 meses que o autor tem referido que Gasparyan é uma tenista com um grande potencial, muito embora os seus primeiros passos no circuito WTA tenham estado a ser um pouco decepcionantes.
Com 21 anos de idade, Gasparyan ainda não entrou no top 50 e ainda só conquistou um torneio do circuito WTA (Baku International, em 2015). Uma vez que tem piores registos em terra batida do que nas outras superfícies, a jovem russa estará bastante satisfeita pelo facto de os principais torneios de terra batida deste ano já terem ficado para trás. Agora, tem pela frente alguns meses em piso duro que são essenciais para o seu progresso.
Jelena Ostapenko - 19 anos, Letónia
Ostapenko celebrou o seu 19º aniversário na semana passada e é evidente que tem um futuro brilhante no ténis. Campeã júnior de Wimbledon em 2014, Ostapenko irá procurar obter boas prestações durante o próximo mês nos torneios em relva para dar continuidade aos resultados que tem alcançado nos pisos duros.
Com um melhor registo de serviços mantidos/serviços quebrados do que Elina Svitolina (21 anos) e Monica Puig (22 anos), Ostapenko (19 anos) tem um forte potencial para progredir no futuro.
Ostapenko ainda está à espera de conquistar o seu primeiro título do circuito WTA depois de ter perdido duas finais para adversárias com um ranking muito melhor do que o seu. Contudo, com o registo de serviços mantidos/serviços quebrados que apresenta aos 19 anos, será apenas uma questão de tempo até alcançar o seu primeiro grande título do circuito principal.
Yulia Putintseva - 21 anos, Cazaquistão
Yulia Putintseva é uma tenista que registou um forte crescimento nos últimos meses, em especial na sua superfície preferida (terra batida), onde apresenta um registo de 13 vitórias e 5 derrotas nos últimos 12 meses, em encontros do quadro principal, e uma percentagem combinada de serviços mantidos/serviços quebrados de 112,0% - pelo que já não está muito longe do top 10 em terra batida.
Putintseva deixou uma excelente imagem em Roland Garros, derrotando Carla Suarez Navarro e Andrea Petkovic (duas jogadoras melhores cotadas), e conseguindo vencer mesmo um set a Serena Williams nos quartos-de-final. Contudo, o seu sucesso futuro depende da sua capacidade de replicar o bom registo em terra batida noutras superfícies, sobretudo nos pisos duros onde tem sentido dificuldades.
Naomi Osaka - 18 anos, Japão
Osaka deu-se a conhecer ao mundo do ténis no ano passado. O seu principal trunfo é o poderoso serviço. Contudo, só conseguiu quebrar o serviço às adversárias em 33,2% das vezes nos últimos 12 meses, pelo que é evidente que o seu ponto mais fraco é a resposta ao serviço.
Dito isto, com uma percentagem combinada de serviços mantidos/serviços quebrados de 103,0% aos 18 anos de idade, Osaka é uma tenista com um potencial extremamente elevado e será interessante observar o seu rendimento nos próximos meses, em especial com o circuito a regressar à Ásia.
Anett Kontaveit - 20 anos, Estónia
Há algum tempo que muitas pessoas esperam grandes feitos por parte de Kontaveit. Contudo, com um registo de 12-12 e apenas uma vitória frente a uma jogadora do top 20 nos últimos 12 meses, é evidente que Kontaveit ainda tem de aperfeiçoar muito o seu jogo.
A estoniana nunca chegou a uma final da WTA e poderá descer no ranking em agosto, se não conseguir defender os pontos conquistados por ter chegado aos oitavos-de-final do Open dos EUA no ano passado.
No entanto, dado o seu registo de serviços mantidos/serviços quebrados, é evidente que tem um bom potencial e é mais provável que esta queda no ranking seja temporária e não permanente.
Eugenie Bouchard - 21 anos, Canadá
Muitas pessoas tinham apostado que a canadiana de 21 anos já estaria no topo do ténis feminino no final da temporada de 2014, uma vez que já tinha chegado a uma final do Grand Slam (perdeu a final de Wimbledon em 2014 frente a Kvitova) e tinha entrado no top 10 mundial aos 19 anos.
Um ano e meio depois, Bouchard tem estado dentro e fora do top 50, devido a lesões, falta de confiança e ausência de consistência no seu jogo. Estatisticamente, é muito fraca a recuperar se estiver em desvantagem num set ou sofrer um break, pelo que persistem dúvidas sobre a sua força mental. Caso Bouchard melhore nestas áreas, é natural que regresse ao top 10.
Probabilidades de Bouchard vencer o torneio de Wimbledon 2016: 41,03*
Louisa Chirico - 20 anos, Estados Unidos
A última tenista que merece uma avaliação pormenorizada é Chirico (20 anos), que deu um enorme salto no ranking WTA nos últimos meses.
No início de abril, Chirico estava no 124.º lugar, mas nos últimos dois meses conseguiu subir 50 posições, chegando ao 74.º lugar, graças a uma excelente temporada de terra batida. Importa destacar que alcançou os oitavos-de-final do torneio de Charleston em abril, após ter recebido um wild card, e teve uma prestação soberba no torneio de Madrid, em maio, onde chegou às meias-finais. Um sinal do seu progresso foi o facto de ser apenas ligeiramente menos favorita (preço de fecho da Pinnacle: 2,25) contra Venus Williams na segunda ronda de Roland Garros.
À semelhança de Putintseva, será interessante ver se Chirico conseguirá replicar o sucesso que teve em terra batida noutras superfícies. Se assim for, seguramente que poderá subir mais no ranking.
Com estas tenistas que têm um futuro risonho pela frente, e atletas como Ana Konjuh (133,83*), Elizaveta Kulichkova e Maria Sakkari prestes a entrarem no top 100, já para não mencionar a altamente promissora CiCi Bellis que acabou de celebrar o 17.º aniversário, augura-se um futuro brilhante para o ténis feminino e os apostadores podem esperar ver novos nomes nas suas televisões num futuro muito próximo.
Está preparado para apostar? Não efetue uma aposta no torneio de Wimbledon de 2016 do circuito WTA antes de ler O paradoxo das probabilidades de Serena Williams.